Você sabia que a origem da psicoterapia teve como base a hipnose? Por que então esse tema é rondado por diversos mitos e tabus referentes a sua aplicação? E como a hipnose pode ser útil como ferramenta na psicoterapia?
Bom, o objetivo desse artigo é desmistificar todos os mal-entendidos que esse assunto pode gerar e com isto trazer uma ferramenta incrível e eficiente para o setting terapêutico.
Isso porque, com o avanço dos estudos na área, a hipnose se tornou um grande aliado em processos terapêuticos, sendo uma técnica regulamentada pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) com a resolução nº 13/2000.
Afinal, segundo o cirurgião britânico, James Braid em 1852, a hipnose na psicoterapia foi levada para a comunidade cientifica. Por meio de seus métodos para induzir seus pacientes em um estado parecido com o do sono. Pois, após a comunidade cientifica avaliar o potencial da hipnose, foi a vez da medicina começar utilizar essa técnica em cirurgias, com James Esdaile.
Dá só uma olhada no que você vai encontrar por aqui:
Os grandes nomes
A utilização da hipnose na área da saúde não ficou apenas restrita com a medicina, mas também na área da psiquiatria e na psicologia. Isso porque em 1877, Jean-Martin Charcot um médico e cientista francês, utilizava a técnica como método terapêutico para tratar a histeria e outras perturbações psíquicas. Já que seu método influenciou diretamente nas teorias do psicanalista, Sigmund Freud em 1908.
Mas, embora a hipnose demonstrasse um declínio na área da Psicologia após Freud deixar de aplicá-la em seus pacientes. Pois, no início do séc. XX, o psiquiatra Pierre Janet e o psicólogo Clark L.Hull continuaram utilizando.
Já em 1977, Dave Elman foi um dos maiores nomes da hipnoterapia, seus estudos auxiliaram mais de dez mil médicos a utilizar a técnica na área da medicina. Afinal, seu método revolucionou a história da hipnose na psicoterapia com uma técnica rápida e duplicável de indução em qualquer pessoa que quisesse passar pelo processo.
Desse modo ao longo de toda essa evolução, a hipnoterapia vem sendo cada vez mais procurada, fazendo com que a comunidade cientifica se dedique sobre o assunto. Assim como a Universidade de Stanford, que fez um estudo ilustrando que o tratamento por meio da hipnose como o vício do fumo, distúrbio de estresse pós-traumático.
Pois, as novas descobertas sobre como a hipnose na psicoterapia afeta o cérebro podem abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos para o resto da população.
História da Hipnose na Psicoterapia
A palavra “Hipnose” vem do grego “hypnos”, este termo foi designado ao deus do sono e pai dos sonhos. Este deus levava o sono aos homens e a outros deuses, inclusive a Zeus.
Isso porque na antiguidade, a hipnose era usada nos “templos de sono” onde pessoas que estavam passando por alguma enfermidade poderiam ser tratadas após ficarem imersos em um “sono profundo”. Dessa forma, depois de anos de estudo, a hipnose não se relaciona mais ao sono nem ao ato de dormir, porém como esse nome ficou popularizado, continuou sendo utilizado.
Pensando por esse lado, o primeiro contato da hipnose na Psicoterapia, aconteceu em 1866 e foi por meio do médico francês, Auguste Liébeault.
Logo em seguida, fundou a Escola de Hipnose de Nancy, também conhecida como “Escola de Sugestão”. Em sua visão, a hipnose era um fenômeno natural e não uma consequência de uma patologia análoga à histeria. Seus estudos inspiraram Sigmund Freud.
Já Freud foi o nome que mais ajudou a popularizar a hipnose no mundo. Sua carreira iniciou utilizando a técnica para remover sintomas, por intermédio da sugestão em pacientes com histeria. Ou seja, deixava seus pacientes imersos em um relaxamento profundo, e por meio da indução, conseguia acessar o seu “inconsciente”.
Porém, ele percebeu que não obtinha o mesmo resultado em todos os casos, por isso decidiu abandoná-la, criando a sua própria abordagem, a Psicanálise.
O abandono de Freud
Em 1908, época em que Freud utilizava a hipnose na psicoterapia, as técnicas de indução e de hipnoterapia ainda eram ultrapassadas. Pois faltava estudos sobre a forma de imersão do paciente no processo para identificação da causa do problema.
Pelo fato de Freud ser uma grande influência na psiquiatria e na psicologia, a utilização da hipnose como ferramenta se tornou irrelevante para o mundo acadêmico, após ele parar de utilizá-la.
Dessa forma com o tempo, após anos de muitos estudos e de aprofundamento, a hipnose se tornou uma excelente ferramenta. Já que era utilizada para realizar de maneira rápida e eficaz o principal objetivo da psicoterapia.
Dessa forma pode-se observar que há muitas dúvidas acerca de sua utilização e aplicação da hipnose na psicoterapia, principalmente por parte da academia científica. É necessário para a melhor compreensão, desmistificar o uso da hipnose esclarecendo os mitos que estão a sua volta.
Mitos da Hipnose
A hipnose está envolta por mitos e crenças que terminam comprometendo sua aceitação como um recurso que ajuda no tratamento de problemas físicos e psicológicos por parte da ciência.
Segundo o médico Oswald Faria, a hipnose foi utilizada de forma equivocada por hipnotizadores de entretenimento, fazendo com que ela gerasse desconfiança da sociedade e no meio científico e acadêmico. Desta forma, antes de iniciar o todo processo de tratamento com o cliente é preciso compreender o que ele sabe a respeito da hipnose, e explicar o passo a passo do que será feito.
Sensação de sono
Um dos grandes mitos da hipnose é que a pessoa que passa por esse processo deve estar dormindo ou vai se sentir sonolenta, sendo que na realidade, o processo é um relaxamento físico e mental. Isso porque na indução (primeira parte do processo), o indivíduo apenas ouve a voz do terapeuta e responde as instruções, totalmente consciente do que está acontecendo, diferente do sono.
Perda de consciência
Outro mito comum sobre a hipnose é de que o sujeito pode não voltar a consciência, mas a hipnose ocorre em um estado semelhante com o do “alerta”, em meio ao transe. Por isso é importante afirmar que a todo momento o indivíduo permanece consciente sobre o que está acontecendo, podendo interagir com o terapeuta. Mesmo assim, muitas pessoas acreditam que apenas quem passa por esse processo são consideradas “mentes fracas”, mas pelo o contrário.
Revelar segredos
Existem outros mitos sobre à perda de controle do indivíduo, como em revelar segredos ou mudar sua personalidade. Segundo a autora Sofia Bauer, ela esclarece que durante o transe hipnótico, o indivíduo não está sob o domínio do terapeuta.
Dessa forma, a pessoa que estiver passando pelo processo pode escolher aceitar ou não as sugestões do terapeuta. Por isso é necessária uma conversa antes para esclarecer quaisquer medos e inseguranças, facilitando todo o processo.
Por isso a técnica não apresenta nenhum prejuízo a integridade física ou mental dos indivíduos. Para a American Psychological Association (APA), a hipnose pode ser definida como um procedimento feito por um pesquisador ou profissional de área.
Segundo Ferreira, autor do livro “Hipnose na prática clínica”, a hipnose é um estado de consciência caracterizado pela receptividade à sugestão. Além da capacidade para modificação de percepção e memória e o potencial para o controle sistemático de uma variedade de funções fisiológicas involuntárias.
Sendo assim, os estados alterados de consciência que ocorrem durante o transe hipnótico podem modificar a percepção, a interpretação e a avaliação subjetiva da dor.
Como a Hipnose na psicoterapia pode auxiliar?
Na Psicologia, a hipnose pode ser amplamente utilizada a fim de auxiliar no tratamento de transtornos como TOC, TEPT, TDA/TDAH, depressão, fobias e doenças psicossomáticas como alergias, enxaquecas, entre outros.
Nesse caso, a hipnose na psicoterapia pode modificar as sensações do paciente, e procura entender as causas dos problemas por meio de um exercício de reflexão e relaxamento. Utilizada como ferramenta, pode ser um grande facilitador para identificar e ressignificar todos esses problemas e ainda outros associados a crenças limitantes, como sentimentos diversos.
Pois quando uma pessoa apresenta resistência ao processo da psicoterapia e dificulta a identificação de seus sentimentos, a hipnose na psicoterapia pode ser uma solução. Durante o tratamento psicológico acontecem novos aprendizados, reorientação, recuperação e modificação para respostas mais assertivas do real problema do paciente.
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Além disso, outra contribuição está no papel do terapeuta, a escuta se volta totalmente ao paciente, sendo ele o protagonista da sessão e o terapeuta apenas o ajuda a conduzir o processo. Por isso esse exercício também é eficaz para evitar afirmações tendenciosas sobre o problema do paciente.
Pensando nisso, a Hipnoterapeuta OMNI e psicóloga há mais de 40 anos, Maria de Fátima, utiliza o uso das sugestões em suas terapias, no processo de indução. Como ao dizer ao paciente que ele tem toda a capacidade de entender o seu problema e conseguir solucioná-lo.
Além disso, também utiliza esse processo na avaliação, a fim de entender todas as crenças que cercam as pessoas. Dessa forma fica mais fácil preparar a melhor intervenção para ajudá-lo. Inclusive o faz entender o modelo da mente.
Dessa forma, durante o processo de psicoterapia com a hipnose, o paciente aprende novas respostas mais saudáveis aos estímulos habituais do dia a dia. O sofrimento é causado quando há a incapacitação.
Por isso, o psicólogo deve conduzi-lo à libertação, não só alívio e sim a certeza da liberdade, dando a autonomia na sessão ele se sente empoderado a dominar sua vida e de seus próprios sentimentos.
Psicólogo, saiba como se tornar um hipnoterapeuta OMNI hoje mesmo.
Autor: Laura Medeiros